Ela sorriu... Ele ao ver aquele sorriso malucamente fácil, estranhamente estampado no rosto dela, sentiu que ele seria capaz de curar-lhe até mesmo a alma. Notou que, naquele sorriso extraordinariamente simples, delicado e frágil, tal qual uma flor dente-de-leão, existia algo que poderia transformar-lhe inteiramente a vida. Sim, sentiu que aquele sorriso roubaria dele toda tristeza. A vida ganharia sentido. Mas, o que naquele sorriso explicava-lhe a espantosa ausência de sofrimentos? O que naquele sorriso devolvia a ele uma coerência ao mundo, fazia nascer a esperança, restabelecia a paz? Afinal, ela apenas sorria para viver melhor. Ela não necessitava de aprovação social, simplesmente evocava o sorriso sem levar em conta o efeito que ele provocaria nos outros. Não raramente, atribuíam ao sorriso dela um delírio, um sortílego ou feitiçaria. Não entendiam como os infelizes sentiam-se melhor depois de cruzarem por aquele sorriso. Como encontravam uma razão para o não sofrimento? O que todos não sabiam era que outras vivências ensinaram-na a força reparadora de uma troca de sorrisos. Logo, era por intermédio deste gesto que ela buscava por um pouco de leveza no peso da sua vida e da vida de outrem. Contudo, mesmo não sabendo o que no sorriso dela lhe aliviou o sofrimento e lhe propôs um sentido à vida, de uma coisa ele tinha certeza: bom mesmo era ter problema na vida acompanhado do sorriso dela. Daquele sorriso em diante, a única certeza que ele teve na vida foi essa: O sorriso dela era a extensão dele.
(Madá Vertelo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário