Ela estava mansa depois de agir bruscamente para que isso pudesse acontecer.
Dessa vez ela sabia que me atingiria diretamente e me disse: "não há nada que me impeça! Você já sabe, então nem me olhe assim! Nem o melhor médico, nem as grandes fortunas, nem todo o amor do mundo. Eu venho e resolvo o que a vida deixa pra eu resolver. A vida gosta de dar oportunidades, dias, momentos, comemorações, dores, experiências. Tudo no seu tempo, tudo na sua hora. Comigo não. Não tenho tempo, não sei o que é tempo. Eu duro apenas o momento em que o elo se rompe e nunca consegui medir isso. Depois de mim não sei quem vem. Muitos gostam de debater sobre esse depois, mas também não conheço. Já me chamaram de intervalo, de etapa, de ingrata...não me chame assim! Eu nem sei o que é isso. Eu faço meu serviço, doa a quem doer, é a minha vocação. O que eu sei é que eu desperto uma catálise. Eu sou o sinal de que o ciclo se fechou e que agora todos vão ter que se adequar! Eu dou vez aos coadjuvantes, aos sentimentos engasgados, ao amor incondicional. Eu trago o valor que a vida não dá a si mesma. Eu trago todos os instintos e fraquezas à tona, dando a oportunidade de tratar isso, de manobrar a incapacidade, de se sentir inteiro de si".
Depois de me falar essas coisas eu só pude lembrá-la, e ela me confirmou que já sabia mas preferia não admitir pra não perder a moral, que mesmo com seu toque certeiro o amor que ela anima desesperadamente mantém vivo a qualquer um. O amor perdoa, pede perdão, é grato, faz rir das boas lembranças e a manter a saudade que nada mais é que o sentimento de ausência do que foi muito bom! O amor mantém a alegria do vínculo, a harmonia da família, a eternidade do ser. O amor jamais morre.
Ao ouvir minha resposta ela olhou pra mim risonha como quem olhava uma criança inocente numa apresentação de balé, e disse: Ok! Então, até a próxima.